A Libra e a Santos Brasil utilizam mão de obra irregular em substituição aos
estivadores em greve nos seus terminais, colocando trabalhadores
inexperientes em risco.
A denúncia é do diretor social e de imprensa do sindicato dos estivadores de
Santos, Sandro Olímpio da Silva ‘Cabeça’. A greve, de três dias, começou às
7 horas desta quarta-feira (1º).
Ele orientou a secretaria do sindicato e o departamento jurídico a
notificarem o fato ao ministério do trabalho, ao ministério público do
trabalho e à polícia federal, o que foi feito de imediato.
“Além de desacatar o direito de greve, os terminais submetem a situação de
perigo pessoas sem experiência no arriscado trabalho de estiva”, observa o
sindicalista.
Sandro revela que dois navios no terminal da Libra e um na Santos Brasil
operam nessas condições. Segundo ele, até entregadores de materiais foram
utilizados nas operações de embarque e desembarque.
O sindicalista pondera que as administrações dos terminais não atentam para
as normas de segurança de ajuste dos contêineres nos porões e conveses dos
navios.
Isso, segundo ele, coloca em risco também a carga, que pode danificar as
embarcações e até cair ao mar, como acontece em muitos casos, justamente por
falta de mão de obra especializada.

Corrupção
A diretoria do sindicato e os grevistas se concentram no terminal da Libra,
no bairro Estuário, diante do posto de escalação do órgão gestor de mão de
obra (ogmo), na Avenida Mário Covas, esquina com o canal 6.
“Essa é a empresa símbolo de tudo de podre acontece no setor”, diz Sandro.
“Envolvida em denúncias de corrupção, a Libra não paga dívidas ao município
e ao governo federal”.
O sindicalista reclama que a Libra “encabeça a campanha dos terminais contra
a categoria dos estivadores, inclusive boicotando as negociações da campanha
salarial”.
O sindicato mandou diretores aos terminais BTP e Ecoporto, para constatar se
também utilizam mão de obra irregular em substituição aos estivadores.


Descaso
Empresas ignoram
data-base de março
Os cerca de 2.500 estivadores avulsos e vinculados de Santos ficarão em
greve até as 7 horas da manhã de sábado (4) nos terminais de contêineres,
conforme decisão de assembleia na quinta-feira passada (26).
Nesta quarta-feira (1º), das 7 às 13 horas, há greve da categoria no cais
público e nos demais terminais especializados do porto, que voltarão às
atividades normais no início da tarde.
“A câmara de contêineres do Sopesp ignora, menospreza e desrespeita os
estivadores”, diz Sandro, que respondeu a perguntas da imprensa, durante a
manhã.
Sopesp é o sindicato patronal dos operadores portuários do estado de São
Paulo, que, segundo ele, não respondeu às reivindicações dos estivadores e
jogou a negociação deste ano para a data-base de 2019.
Nos terminais do cais público e especializados, o sindicato patronal,
segundo Sandro, quer retirar direitos, como a ‘dobra’ após a jornada não
cumprida integralmente.
“O desrespeito aos avulsos e vinculados pelos terminais BTP, Libra, Santos
Brasil e Ecoporto se arrasta desde 2015, quando disseram que só renovariam o
acordo coletivo de trabalho com uma condição”, diz.

Indignação
Sandro explica que os empresários queriam, há três anos, que a categoria
aceitasse, ao final do acordo, em 2017, a desobrigação de requisitar mão de
obra ao Ogmo.
O sindicato e os trabalhadores consideraram a imposição um desrespeito. Daí
em diante, as negociações não avançaram, foram para dissídio e se
transformaram em batalhas judiciais.
O secretário-geral do sindicato, Josué Sampaio ‘China’, diz que a categoria
tenta, todo ano, trazer as reivindicações para negociação. “Mas a câmara de
contêineres insiste em empurrar com a barriga”.
Nesta data-base de 2018, segundo os sindicalistas, não foi diferente. O
sindicato apresentou uma proposta e esperava a contraproposta dos
operadores, apostando na mesa de negociação aberta.
“Mais uma vez”, diz Sandro, “os patrões mostraram apenas o desrespeito aos
trabalhadores. Simplesmente disseram que aceitam negociar em 2019, passando
por cima da data-base deste ano”.
“Agem da mesma forma desde 2015”, completa China, “gerando o clima de
indignação da categoria. Os estivadores estão revoltados com essa postura e
entendem que a única saída é a greve”.

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