“Os sindicatos de trabalhadores nunca são ouvidos nos eventos sobre o futuro
do porto. Não temos vez. Não somos sequer convidados, apesar de nos
preocuparmos com o porto e a cidade”.
O desabafo, do presidente do sindicato dos operários portuários de Santos
(Sintraport), Claudiomiro Machado ‘Miro’, foi feito na tarde de sexta-feira
(8), na associação comercial (acs).
Diante de empresários, sindicalistas e dos deputados federais Júnior Bozella
(PSL), Rosana Valle (PSB) e do estadual Paulo Corrêa Júnior (Patri), o
sindicalista foi sincero.
“Aqui não é o nosso público, mas tenho que falar a verdade”, disse Miro. “Em
vez de nos ouvir, nos denigrem. Dizem que temos lado e partidos, como se
isso fosse errado”.
“Temos lado, sim. O lado dos trabalhadores. Não de partidos, embora cada um
possa ter a filiação que quiser. As leis, feitas pelos poderosos, não são a
nosso favor”, ponderou.
O presidente do Sintraport perguntou “onde está a modernidade?”. E
respondeu: “Nas leis, a modernidade apenas diminui nossos espaços de
trabalho, salários e direitos”.
“Os trabalhadores, do passado e do presente, deixaram e deixam suas vidas no
porto. Mas acabam perdendo cada vez mais seus postos de trabalho”, ponderou
Miro.
Ele lamentou que, “de quatro em quatro anos, os deputados eleitos ou
reeleitos, em início de mandato, procuram os trabalhadores. Mas depois, nos
esquecem”.
“Entendam o que vocês enfrentarão”, disse aos parlamentares. “Não será coisa
pouca. As pressões do poder econômico são enormes, enquanto os trabalhadores
podem oferecer apenas fidelidade”.

Em Brasília,
na quarta-feira
Nesta quarta-feira (13), Miro e outros sindicalistas participarão, em
Brasília, da primeira reunião da ‘frente parlamentar mista para o futuro do
porto’, proposta por Rosana Valle.
“Vamos lá, para depois não dizerem que não colaboramos”, diz o sindicalista.
“Mas uma coisa é certa: os trabalhadores só vencerão qualquer luta
principalmente por seus próprios meios”.

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