Agência Brasil  Brasília

Com mais partidos representados e menos parlamentares conhecidos na composição, o Senado passou por uma grande renovação neste pleito 2018. Dos 32 que tentaram renovar os mandatos, somente oito conseguiram. A partir de fevereiro de 2019, a Casa terá senadores distribuídos em 21 legendas. Em 2015, eram 15.

Entre as novidades, Podemos, PSL, PHS, Pros, PRP, PTC e Solidariedade – que não tinham representantes em 2015 – agora têm um cada. A Rede, presentada até então pelo senador Randolfe Rodrigues, reeleito ontem (7), cresceu e agora terá outros quatro nomes. Já o PCdoB e PSOL ficaram sem representantes.

Segundo o cientista político da Universidade de Brasília Waldir Pucci, o aspecto positivo de tantos outros partidos com representação na Casa é o fato de isso mostrar a diversidade da sociedade no país. “Mas falando em governabilidade, que é o que interessa, o novo presidente [da República] terá uma dificuldade maior de negociação. Quanto maior número de partidos, naturalmente maior o número de conversas e convencimentos ele terá de fazer”, explica. Para ele, a grande questão é como esse convencimento será feito. “Se pela política tradicional, pelo toma lá dá cá ou com ideias. A governabilidade é bem mais difícil nesse cenário.”

Maiores bancadas

Mesmo com redução significativa, o MDB continua sendo o partido com mais representantes no Senado. A sigla, que em fevereiro de 2015 tinha 19 nomes, deve começar 2019 com apenas 12. Além do MDB, entre as cinco maiores bancadas, duas perderam parlamentares em relação a 2015. O PT foi o mais atingido e sua representação em 2019 será de menos da metade do que foi em 2015. A sigla que tinha 13 senadores terá 6 senadores no ano que vem (-53,84%). O PSDB também registrou queda. Eram 11 em 2015 e, em 2019, apenas 9 (-18,18%) .

Já o PSD subiu de 4 para 7 (+75%) e o DEM cresceu de 5 para 6 senadores, um aumento de 20%, em relação à eleição passada.

Renovação

Ao contrário do que os principais analistas e institutos de pesquisas indicavam, a reeleição de nomes tradicionais na Casa não se confirmou, pois de cada quatro senadores apenas um conseguiu sucesso nas urnas (25%).

Na lista dos que não se reelegeram, estão o presidente e o vice-presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE) e Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), respectivamente. O ex-líder do governo no Senado, Romero Jucá (MDB- RR), também ficou de fora, após mais de duas décadas na Casa.

Outra surpresa foi a derrota do senador Magno Malta (PR-ES), pastor evangélico e um dos maiores apoiadores do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL). Ainda entre os que não se reelegeram estão os senadores Edison Lobão (MDB-MA), Roberto Requião (MDB - PR) Lindbergh Farias (PT-RJ) e Cristovam Buarque (PPS-DF).

Para o analista político Antonio Augusto de Queiroz, do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar ( Diap), o resultado da eleição no Senado traz um recado aos políticos. “Ou eles corrigem a forma de atuação ou estão fora [da disputa política]”. Ele destaca que muitos dos políticos que não se reelegeram estão envolvidos em denúncias de corrupção ou votaram a favor da reforma política e do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

Bancada feminina

A redução da bancada feminina foi outro ponto bastante forte nessas eleições. Somente quatro das 13 atuais senadoras terão mandato a partir do ano que vem. Sete candidatas foram eleitas, levando o total de mulheres a dez. Caso Fátima Bezerra (PT), que disputará o segundo turno pelo governo do Rio Grande do Norte, não seja eleita, ela deverá permanecer na Casa como a 11ª, pois ainda tem mais quatro anos de mandato como senadora.

Apesar da obrigatoriedade de 30% das candidaturas e do fundo partidário terem de ser direcionados às mulheres, para Waldir Pucci a redução da participação feminina está ligada à falta de incentivo financeiro e político dos partidos. “Tivemos uma renovação basicamente conservadora da bancada e essa renovação ela dá um papel menor às mulheres na política. Daí muitos candidatos homens representando essa onda conservadora”, concluiu.

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